Distribuição e prevalência da leptospirose humana na América do Sul: uma revisão sistemática dos últimos 15 anos
Keywords:
Determinantes socioambientais, Saúde única, ZoonosesAbstract
A leptospirose é uma zoonose de relevância global, causada por espiroquetas do gênero Leptospira, que representa grave problema de saúde pública na América do Sul. Sua persistência relaciona-se a fatores socioambientais como clima tropical, saneamento deficiente, inundações recorrentes e contato humano com águas contaminadas pela urina de roedores. O diagnóstico precoce é dificultado pela semelhança clínica com arboviroses e malária, resultando em subnotificação, agravamentos e óbitos. Esta revisão sistemática analisou estudos publicados entre 2010 e 2025, seguindo as diretrizes PRISMA, com foco em pesquisas observacionais conduzidas no Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela e Equador. O Brasil concentra a maior parte da produção científica, destacando-se surtos em áreas urbanas vulneráveis, sobretudo favelas. Na Colômbia, as infecções associam-se a inundações e riscos ocupacionais, enquanto no Peru predominam dificuldades diagnósticas na Amazônia. A sazonalidade, com aumento de casos no período chuvoso, reforça a relação entre fatores climáticos e transmissão. Os resultados confirmam que pobreza, habitação precária, degradação ambiental e exposição ocupacional agravam a disseminação da doença. Estratégias eficazes requerem políticas intersetoriais, combinando saneamento, controle de roedores, educação comunitária, fortalecimento da vigilância epidemiológica e acesso a diagnósticos de baixo custo. Assim, a leptospirose permanece como doença negligenciada, exigindo respostas integradas e sustentáveis em saúde pública.