Atuação da fisioterapia em vítimas de lesões por queimadura

Autores

  • Ana Leticia Oliveira et al., Centro Universitário São Lucas Ji-Paraná

Resumo

A queimadura pode ser definida como um trauma capaz de ocasionar variadas lesões que podem levar o paciente a óbito. No âmbito hospitalar, uma assistência multidisciplinar é de extrema importância para assegurar a qualidade de assistência ao paciente, já que os cuidados para vítimas de queimaduras na UTI são extremamente complexos e interruptos, e as complicações das lesões podem levar desde sequelas que afetam a qualidade de vida e funcionalidade, até ao óbito dos pacientes. A correta identificação dos aspectos clínicos das vítimas, além da correta identificação das lesões, onde no caso das queimaduras podem variar em localização, extensão e profundidade, contribui para a elaboração de protocolos de atendimento mais efetivos e que podem reduzir sequelas e acelerar a recuperação (SALES; NUNES, 2015). As queimaduras podem desencadear vários distúrbios físicos que comprometem o equilíbrio orgânico do paciente e se relacionam a alterações metabólicas, respiratórias, cardíacas, renais e gastrointestinais, além perda de volume de líquidos e deformidades corporais. Estas alterações resultam em imunossupressão, e geram um altíssimo risco de infecção ao paciente, principalmente em âmbito hospitalar (SOUZA; SANTOS; OLIVATTO, 2009). Dentro desse contexto, principalmente em casos mais graves, a fisioterapia costuma atuar de forma complementar à procedimentos cirúrgicos, comumente as enxertias, com condutas terapêuticas importantes em todas as fases de recuperação (VIERA ET AL., 2016). Além da grande influência de um atendimento de qualidade e preparado, de acordo com Mola, o prognóstico do paciente é multifatorial, e diretamente ligado com sua idade, seu sistema imune e estado nutricional, não excluindo o agente etiológico das queimaduras (choque elétrico, agentes térmicos ou agentes químicos), região corporal afetada e grau das lesões (primeiro, segundo ou terceiro grau). De acordo com o estudo dos autores Cardoso, Fernandes e Rieder (2014), o trabalho com este tipo de paciente se inicia logo que admitido no hospital. A avaliação fisioterapêutica deve delimitar corretamente os protocolos, respeitando as alterações fisiológicas e mecânicas. Atualmente as queimaduras podem ser classificadas de acordo com a sua espessura em: superficial, parcial superficial, parcial profunda e de espessura total. De acordo com a sua classificação apresentam as seguintes características: 1) superficial, na qual somente a epiderme é acometida; 2) parcial superficial, que atinge tanto a epiderme quanto a derme papilar, apresenta cor rósea, úmida e dolorosa. Costuma formar flictenas; 3) parcial profunda, que também afeta camadas mais profundas da derme; tem coloração vermelho brilhante ou amarelo esbranquiçada, com ou sem flictenas, dolorosa ou indolor; e 4) de espessura total, as quais atingem todas as camadas da pele, podendo até chegar a estruturas ósseas, apresenta coloração branca ou negra (carbonizada), é indolor. (GROEBER ET AL., 2011; MAES ET AL., 2012; MONSTREY ET 2008). Seguindo esta linha de raciocínio, atualmente as complicações respiratórias têm se apresentado como principal fator de mortalidade, e a maior complicação é a lesão pulmonar, que pode ser causada por vários fatores, dentre eles: a inalação de fumaça, os mediadores inflamatórios associados à infecção, o efeito térmico das lesões por queimadura ou a sepse. O prognóstico do paciente vítima de queimaduras está diretamente ligado à como foi conduzida a sua reabilitação, ou seja, quanto mais precoce e adequada for a intervenção, maiores as chances de uma boa e rápida recuperação. E para isto, é necessário com que as metas sejam corretamente traçadas, dependendo sempre de uma avaliação minuciosa da lesão, do estado geral, e das possíveis complicações do paciente (ROCHA; ROCHA; SOUZA, 2010). Queimaduras proporcionam a curto e longo prazo sequelas físicas e psicológicas ao indivíduo acometido (DELGADO PARDO ET AL., 2008). As sequelas das queimaduras em geral aparecem como cicatrizes hipertróficas, queloides e contraturas cicatriciais e levam a grandes deformidades, não somente estéticas como funcionais (CONDUTA ET AL., 2012). A atuação do fisioterapeuta inicia-se com o incidente da lesão, acompanha todo o processo de recuperação epitelial e tecidual, passa pelo período de imobilização para aplicação e vascularização de enxertos e termina com o estabelecimento de um epitélio estável cobrindo a lesão. No momento ambulatorial a duração da intervenção fisioterapêutica varia conforme o grau e complexidade da lesão, podendo levar meses ou até anos (TIBOLA, J. 2008). O presente estudo tem como objetivo entender como o fisioterapeuta atua em cada estágio da lesão proveniente de queimadura.

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Publicado

2024-01-08