Análise de ambiência e conforto térmico de bovinos em fazenda no interior de Rondônia

Autores

  • Lorena Paula Gomes Pereira et al., Centro Universitário São Lucas Ji-Paraná

Resumo

A importância da produção de carne bovina brasileira é indiscutível, visto que é o segundo maior produtor mundial dessa fonte de proteína (USDA, 2023). E, sendo o Brasil um país de dimensões continentais, o clima e as raças criadas apresentam significativas variações entre o Oiapoque (AP) e o Chuí (RS). Embora o clima brasileiro seja predominantemente tropical, a região norte conta com a presença do clima equatorial que se caracteriza por ser quente e úmido (MEDEIROS, 1997). E, para se adaptar a esse ambiente, os animais de produção devem contar com características herdáveis de resistência a temperaturas elevadas, como barbela, cupim e pelagem de cor clara (FERREIRA, 2011). Isso permite que, através de seu fenótipo, não entrem em estresse calórico, o qual pode ser caracterizado como um desbalanço entre o calor produzido ou obtido pelo ambiente e a quantidade de calor perdido para o ambiente (BROWN-BRANDL, 2018; FERREIRA, 2011). Além dos fatores fenotípicos, os animais homeotérmicos buscam meios para manter sua temperatura corporal constante, através de mecanismos físicos, metabólicos e comportamentais, ganhando ou perdendo calor para o ambiente, entretanto a ativação desses mecanismos quando expostos a estresse calórico cooperam com a redução de consumo e consequente redução da produtividade (FERREIRA, 2011). Como consequência do estresse térmico tem-se a redução no consumo de alimento e perda de produtividade na ordem de 5% do lote de animais a cada dia em que permanecem em desconforto, além de uma significativa redução na taxa de concepção (BROWN-BRANDL, 2018; CORDEIRO et al., 2020). Nesse sentido, calcular o índice de temperatura e umidade (ITU) dos ambientes onde os animais permanecem, torna-se importante para se ter ideia do quão favoráveis ou desfavoráveis estão. O ITU é resultado de uma equação que combina dados dos dois principais fatores envolvidos na sensação térmica: a temperatura de bulbo seco (TBS) e umidade relativa do ar (UR). Enquanto a TBS indica pura e simplesmente o nível de calor a que o animal está submetido, a UR indica se a evaporação dos líquidos da sudorese e da respiração ocorre de forma rápida ou lenta, estando relacionada à sensação térmica (FERREIRA, 2011). Além do ITU, o ITGU (índice de temperatura de globo e umidade) também é útil na avaliação do conforto dos animais, sendo que na equação matemática, ao invés da TBS, usa-se a temperatura de globo negro (TGN), a qual demonstra a influência do calor na forma de radiação que está presente no ambiente. Dessa forma, em locais onde há exposição ao sol, maior é a TGN. Para bovinos de corte, estudos demonstram que ambientes com ITU/ITGU superiores a 74 impõem desconforto ao animal, sendo os valores ideais inferiores a este (BROWN-BRANDL, 2018). Como os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais comuns, avaliar as condições ambientais e desenvolver estratégias para manter os animais o mínimo tempo possível em estresse térmico, torna-se fundamental para que a atividade se mantenha lucrativa. Por exemplo, Navarini et al. (2009) relataram que a presença de árvores na pastagem formando pequenos bosques é mais eficiente na redução do ITU em comparação com elas isoladas. Isso altera o comportamento de pastejo dos animais, de modo a permanecerem nestes ambientes nos momentos mais quentes do dia e pastarem nos momentos de temperaturas mais amenas (EDWARDS-CALLAWAY et al., 2020). Dessa forma, objetiva-se com este estudo, avaliar o nível de conforto térmico de vacas nelore através da análise do ITU e ITGU no curral, na pastagem e no local de dois bebedouros a fim de propor melhorias caso sejam necessárias.

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Publicado

2024-01-08